
Especialista alerta: a visão é responsável por 80% do desenvolvimento educacional na infância.
Com a retomada das aulas em diversas escolas pelo país, a saúde ocular dos estudantes ganha destaque no início do ano letivo. Estatísticas do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) indicam que aproximadamente 20% das crianças em fase escolar possuem dificuldades visuais. Entre os distúrbios de visão mais frequentes nessa idade estão a miopia, a hipermetropia e o astigmatismo.
Em entrevista à Agência Brasil, o oftalmologista Álvaro Dantas ressalta que dificuldades no aprendizado ou falta de interesse em certas atividades escolares podem ser indícios de problemas oculares.
“Alterações visuais são bastante comuns na infância e podem impactar diretamente no aprendizado. Se a criança enxerga mal, ela absorve mal o conhecimento que é passado e isso pode trazer repercussões importantes.”
De acordo com Dantas, o estrabismo, popularmente chamado de “olho torto”, também é uma condição comum na infância e costuma ser fácil de identificar. É um sinal de alerta muito importante porque pode haver um problema sério em um dos olhos que precisa de tratamento imediato para evitar outra doença que estamos sempre muito atentos: a ambliopia ou olho preguiçoso.”
“Se a criança tem uma deficiência em um dos olhos e isso não é detectado a tempo, a falta de tratamento faz com que aquele olho não desenvolva sua capacidade visual e isso só tem solução até os 8 anos de idade. Se não for feito nessa época, essa criança pode se tornar um adulto com uma deficiência eterna em um dos olhos. Por causa de diagnóstico e tratamento a tempo.”
O oftalmologista ressalta que a visão desempenha um papel crucial no processo de aprendizagem e que, quando a criança tem dificuldade para enxergar, pode deixar de captar informações importantes em sala de aula, sentir desmotivação ou até apresentar dificuldades de concentração. “Isso pode resultar em queda no desempenho escolar e, em certos casos, ser confundido com transtornos de aprendizagem ou déficit de atenção.”
“Essas crianças também podem ficar estigmatizadas e podem ser vítimas de bullying. É algo que pode acontecer. Tudo isso provocado por uma deficiência visual. O estrabismo e a ambliopia podem afetar a coordenação visual e ela pode ter muita dificuldade nas práticas esportivas. Por isso, identificar e tratar precocemente esses problemas é essencial para garantir um aprendizado pleno e sem dificuldades desnecessárias.”
O médico enfatiza que, muitas vezes, a própria criança não consegue identificar que tem um problema de visão, pois nunca experimentou uma percepção visual diferente. ” Para ela, aquela percepção visual é o normal”
Por isso, ele acredita ser essencial que pais e professores estejam atentos aos seguintes sinais:
- aproximar-se excessivamente de livros, cadernos e telas;
- ter dificuldade para enxergar o quadro ou copiar conteúdos de forma adequada;
- queixar-se frequentemente de dor de cabeça ou fadiga ocular;
- apresentar lacrimejamento excessivo ou sensibilidade à luz;
- demonstrar desinteresse por atividades que exigem esforço visual, como leitura e desenho;
- e mostrar tendência a piscar constantemente ou esfregar os olhos com frequência.
Ao perceber qualquer um desses sinais, a recomendação é levar a criança o mais rápido possível ao oftalmologista para uma avaliação. O ideal, de acordo com o médico, é que toda criança realize um exame oftalmológico completo ainda no primeiro ano de vida, quando é possível detectar problemas congênitos, como catarata, glaucoma e até mesmo o retinoblastoma, um câncer que afeta a região ocular.
“O diagnóstico tardio pode levar à perda de um olho e, até mesmo, à morte. É um tipo de câncer que, dependendo da fase diagnóstica, pode ter alta letalidade. A partir da idade escolar, o recomendado é manter o acompanhamento anual ou conforme a orientação do oftalmologista, especialmente se houver qualquer histórico de problemas de visão na família.”
Na adolescência, de acordo com Dantas, a frequência das consultas anuais pode ser mantida, mas também é possível optar por atendimentos a cada dois anos, dependendo da saúde ocular do jovem. “Em casos de miopia progressiva que, hoje em dia, está cada vez mais comum – a gente vive uma epidemia de miopia –, esse acompanhamento pode ser mais precoce para evitar vários problemas futuros”.
“A miopia, sem dúvida alguma, é um dos problemas que a gente mais tem preocupação porque tem solução e tem tratamento eficiente. Só se consegue um diagnóstico preciso indo ao oftalmologista. A miopia progressiva pode ser controlada com medidas adequadas pra evitar o aumento exagerado do grau. Hoje, temos várias orientações, óculos especiais e alguns colírios que podem interferir na evolução da miopia”, explicou
“A miopia, sem dúvida alguma, é um dos problemas que a gente mais tem preocupação porque tem solução e tem tratamento eficiente. Só se consegue um diagnóstico preciso indo ao oftalmologista. A miopia progressiva pode ser controlada com medidas adequadas pra evitar o aumento exagerado do grau. Hoje, temos várias orientações, óculos especiais e alguns colírios que podem interferir na evolução da miopia”, explicou
“Crianças que enxergam bem têm melhor desenvolvimento acadêmico e social. Isso evita frustrações e dificuldades no aprendizado. Por isso, o acompanhamento oftalmológico regular é um investimento na saúde e no futuro nas crianças. É graças a um bom atendimento nessa fase da vida que a gente vai ter adultos enxergando bem e sem graves problemas.”